Leia a primeira parte aqui, a segunda aqui.
3. Rezia e Septimus
Podemos, agora, voltar ao casal Warren Smith, do qual já tivemos um vislumbre quando tentavam atravessar a Bond Street, enquanto Clarissa estava no interior da floricultura (“Septimus Warren Smith, que não conseguia passar, ouviu o que ele[Edgar J. Watkiss] disse” (p. 16)). Rezia intimava o marido, em quem a explosão do carro a motor tocara um nervo sensível, a continuarem o seu caminho. Quando os vemos novamente, já estão bem longe, na Broad Walk ( a longa e larga alameda que, no lado leste, atravessa o Regent’s Park no sentido norte-sul), sentados num banco, contemplando o aeroplano escrevente. Enquanto permanecem no parque, há uma sucessão de acontecimentos, quase todos relacionados às alucinações de Septimus. Estimulado pela aparição do avião escrevente, ele entra num transe do qual sai apenas quando Rezia lhe diz que vai até o chafariz e já volta (trata-se, obviamente, da fonte conhecida como Readymoney, situada justamente na Broad Walk; ver, em Notas, p. 249, observação sobre o “indiano e sua capelinha”). Quando volta, percebe que ele continua com suas visões. Nesse ponto, após Maisie Johnson ter perguntado ao casal onde ficava a estação do metrô, deixamos os dois no parque para acompanhar a volta de Clarissa à sua casa, após a sua pequena excursão matinal. Voltamos a encontrá-los, mais adiante, quando Peter Walsh vê a “pequena Elise Mitchell” (p. 66) chocar-se contra as pernas de Rezia. Septimus estava no meio de mais uma de suas visões, quando Rezia lhe diz que está na hora da consulta com o Dr. Bradshaw. Tinha perguntado as horas a Septimus, quando algum sino (o Big Ben?) bateu assinalando que faltavam quinze minutos para o meio dia. Vamos encontrá-los, depois, já fora do parque, perto da estação do metrô, passando pela velha mendiga e sua antiga canção também encontrada por Peter Walsh, esperando para atravessar a rua (supostamente a Marylebone Road, onde se situa a estação do metrô do Regent’s Park). O Big Ben batia as doze horas quando chegam à Harley Street, rua londrina onde se concentram instituições médicas e onde se situa, naturalmente, o consultório do Dr. Bradshaw. Vemo-los, depois, já fora do consultório, descendo a Harley Street. Só os veremos novamente já em sua casa, nas proximidades da Euston Road, em Bloomsbury, de onde Septimus só sairá, já morto, numa ambulância.
Tomaz Tadeu
Imagem: Ilustração de Mayra Martins Redin para o Estojo Mrs Dalloway, Ed. Autêntica, 2012.